quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O céu ri da minha confusão


O céu ri da minha confusão
e eu apenas limito-me a retornar um sorriso amarelo
Cheio de condescendia e solicitude 
diante da minha incapacidade de importar-me
Esse pequeno globo azul gira por puro costume
e cá estamos buscando sair do lugar
Sem, de fato, o fazer...

A gravidade já não surte mais efeito
e meus pés desacostumaram da firmeza do solo
Cogitando relativismos geográficos,
obedecendo a máxima “sem pé, nem cabeça”
A chuva não cai, ela apenas escorre de grandes bolsões de dor e alivio simultâneos
Já não insisto em entender a incógnita em Teus olhos milenares...

Aquela criança que por anos escondeu o pranto em um armário apertado
Ausente de tempo, alheia a lógica adulta
Ainda encontra-se perdida sob a abóbada celeste
Contemplando saudades distantes
Apenas trocou a escuridão fechada 
pelo contraste entre os luzeiros e tons negros da noite.

Ela ainda flutua envolta pelas melodias do velho piano de carvalho
Crente, por alguns segundos, em seu não existir
Com botões da física universal desligados

Raquel Feitosa
Engenheira Florestal

E uma felicidade emblemática estampada em seu rosto infantil.